Encontramos uma apresentação do IESS de 2014 na qual a Dra. Carisi expõe alguns pontos totalmente relevantes para a atual situação na qual nosso país se encontra. Nessa apresentação a Dra. Carisi discute sobre a eficácia e a sustentabilidade em saúde. A apresentação tem como base o questionamento: Como devemos proceder para “controlar” os gastos em saúde e ainda oferecer um atendimento / tratamento adequado para a população brasileira?

O primeiro passo é que quando lidamos com orçamento em saúde, na realidade em qualquer área, temos que ter em mente o conceito de custo de oportunidade (ver fonte), de modo simplificado podemos exemplificar o custo de oportunidade com o seguinte exemplo: Quando um gestor investe em uma área / enfermidade deixa de investir em outra, isso acontece devido ao recursos limitados.

Considerando essa limitação do orçamento na saúde, tanto pública quanto privada, temos enfrentado problemas como:

1. Pressões demográficas
2. Estilo de vida
3. Variabilidade inapropriada na prática
4. Inovação tecnológicas
5. Expectativas população
6. Contenção de recursos e sustentabilidade

Ao passar dos anos vemos um aumento nos custos em saúde que são causados principalmente por prescrição de fármacos e novas tecnologias, aumento de doenças crônicas e custo administrativo.

Antes de darmos sequência, gostaríamos de reproduzir a definição que a Dra. Carisi usa para sustentabilidade em saúde:

Sistema de saúde que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de outros, no futuro ou em outros locais, de alcançar as suas necessidades.

Considerando ainda a sustentabilidade, devemos atuar em 3 esferas para alcançar o melhor resultado, como indicado na Figura 1.

Considerando os problemas e as esferas de atuação, quais seriam as possíveis estratégias que poderíamos adotar para conseguir uma melhor eficácia e sustentabilidade do sistema? Sete pontos são citados durante a apresentação.

1. Re-engenharia dos serviços e melhorias na eficiência (novo modelo assistencial)
2. Uso de diretrizes e protocolos clínicos (escolha do melhor tratamento)
3. Desinvestimento (tecnologias são sempre agregadas, nunca se tornam obsoletas na saúde)
4. Saúde pública (principalmente a prevenção)
5. Avaliação de tecnologia em saúde e valor agregado
6. Pagamento por performance
7. Qualidade

E como poderíamos chegar nesses resultados?

Como citado o caminho para se chegar nos resultados não é tão linear quanto o esperado, uma das ferramentas muito utilizadas é o ATS (avaliação de tecnologias em saúde) e na opinião da Equipe ATsaúde o MCDA (análise de decisão multi-critério – ver fonte) ainda seria uma ferramenta mais apropriada e ampla para auxiliar o resultado com foco em sustentabilidade e qualidade.

Ainda considerando os caminhos para se chegar no sistema sustentável, algo interessante que é comentado na apresentação é a questão da oportunidade de prevenção perdida, em sua maioria os pacientes se preocupam em tratar a doença ao invés de preveni-la, aqui cabe uma observação, alguns convênios vem tentando alterar sua cultura e de seus “clientes” e assim incorporar a escolha pela prevenção ao invés da escolha pelo tratamento, essa seria uma das formas de se atingir um sistema eficaz, pois a prevenção traz uma redução nos custos e consequentemente qualidade para o paciente.

Relato de caso

Eu particularmente pude presenciar esse tipo de esforço por parte do convênio, devido à um histórico de ressonâncias, raios-x e por fim uma cirurgia no joelho, obtive um histórico que poderia sugerir artrite reumatoide. Em posse desses dados meu plano de saúde fez um contato ativo procurando por mais informações sobre o possível diagnóstico de artrite reumatoide. Conversado com a responsável fui informado que caso eu tivesse artrite reumatoide, que não é o caso, o plano teria um programa de prevenção e acompanhamento para essa enfermidade. Isso mostra a preocupação do plano em se manter sustentável e consequentemente rentável.

E você, já parou para refletir quais seriam os melhores caminhos para garantirmos sustentabilidade nos sistemas da saúde? Ou ainda como você poderia ajudar nesse processo? Sugestões são sempre bem vindas.

Assista a apresentação da Dra. Carisi na integra:

[Fonte]
Custo de oportunidade (pág. 22)
Análise de decisão multi-critério
IESS – apresentação (pdf) Dra. Carisi